Leia escutando: Hortinha de Beraderos
No Curso Avançado em Aromatologia da Aromaluz fazemos um percurso muito curativo, com a ajuda dos óleos essenciais. Ao longo do ano, peregrinamos pelo caminho dos chakras, localizando pontos de desequilíbrio, onde geralmente estamos aprisionados a crenças limitantes, recorrendo às plantas para restabelecer a Saúde desses centros de energia.
O óleo essencial de manjericão vem dar suporte à sexta parada dessa peregrinação, momento em que entendemos que o chakra frontal, ou do “terceiro olho”, é o lugar, em nós, que pode ver além das aparências, enxergar a Verdade menos evidente. Em equilíbrio, ele nos ajuda a desenvolver uma outra forma de compreender o que nos cerca: a intuição. Diante do que não conseguimos alcançar só com a razão, daquilo que não pode ser comprovado “cientificamente”, podemos abrir espaço para outras formas de compreensão, palavra-chave desse chakra.
E por que o manjericão está nessa parada? Pois é… Duas qualidades dessa erva aromática podem nos ajudar a mergulhar nessa relação: complexidade e adaptabilidade. O manjericão, tão conhecido nas nossas mesas, é uma das chamadas “plantas adaptogênicas”, que têm a capacidade de modular a si mesma e aqueles a quem se oferece como remédio ou alimento. Por isso, tanto pode estimular quanto acalmar nossa mente e humores; tonifica, levando ao equilíbrio, diferentes sistemas do nosso corpo, através de um mecanismo de regulação hormonal bastante eficiente. Muitos estudos comprovam que o manjericão ajuda na adaptação aos fatores causadores do estresse, controlando os sintomas a ele associados.
Ele é também, apesar de parecer tão familiar e simples, uma planta muito complexa. Sua história é milenar, seus poderes terapêuticos são muitos, sua morfologia é bem variada, assim como a composição química dos óleos que são extraídos de várias espécies de Ocimum, gênero que pertence à mesma família botânica das lavandas, das mentas, e muitas outras ervas aromáticas nossas conhecidas.
Com toda essa bagagem, o manjericão tem milenarmente ajudado o homem a estabelecer uma relação saudável e equilibrada entre a mente e o coração, os centros da razão e da emoção. Podemos pensar nessa trilha interna, que conecta esses dois diferentes centros de inteligência, como uma estrada. Uma estrada de via dupla, cujo fluxo deve ser livre e aberto, permitindo a comunicação entre as virtudes do coração e aquelas da mente. Uma estrada que não tem começo nem fim, e tampouco vias preferenciais, através da qual circulam nossos impulsos emocionais e mentais. Em condições ideais, por essa estrada devemos assistir o livre e equânime fluir do que há de melhor nessas importantes estações do nosso corpo: um pensar equilibrado, ancorado na Verdade, consciente dos seus limites, e um sentir em sintonia com o seu poder transformador, atento às armadilhas emocionais, sabedor do papel que lhe cabe na construção de uma compreensão intuitiva do mundo e de nós mesmos, abrindo espaço para reconhecer, no Humano, outras potencialidades.
Por isso, voltando à nossa estrada, podemos nos perguntar: como é a estrada que comunica minha mente com o meu coração? De que maneira desejo que ela seja? Como uma autoestrada, uma via urbana bem movimentada, uma trilha na floresta, um estreito caminho no campo ou entre montanhas? Qual o ritmo e a velocidade que a minha estrada permite? Como tenho organizado o fluxo dessas vias? Estão abertas? Algum obstáculo está impedindo o fluir em algum de seus sentidos? Tenho cuidado da manutenção dessas vias? Tenho dado o protagonismo da organização desse fluir a alguma das estações (coração ou mente)? Qual o preço que tenho pagado por isso? Consigo avaliar?
Qualquer obstáculo em uma das vias pode gerar um desequilíbrio nessa comunicação. Em geral, interrompemos o fluxo do coração, e isso não é à toa… Fomos educados a pensar que a mente é a fonte do saber, que o sistema cerebral comanda tudo o que acontece conosco. Porém, já não é mais novidade que o coração existe para muito mais do que bombear o sangue!
Além disso, temos o vício cultural de priorizar os valores que estão ligados ao nosso pensar, à nossa razão, desconsiderando o que nasce nas profundezas do nosso sentir. Pior ainda, temos acreditado que precisamos escolher entre um ou outro! E isso tem nos custado muito caro…
A nossa estrada deveria, portanto, nos oferecer a segurança do livre circular, da harmonia entre o pensar e o sentir, para que nossas ações possam traduzir uma compreensão mais ampliada das coisas. Para que, ancorados nesse alicerce duplo, possamos fazer escolhas que expressem a nossa Verdade e para que nossas ações no mundo sejam a tradução desse equilíbrio. Ser, como o manjericão, livre e adaptável…
Por suas características botânicas, o manjericão é uma planta que se entrega à polinização cruzada, ou seja, diferentes espécies crescendo juntas vão dando origem a novas variedades de manjericões, tornando até difícil sua identificação precisa. Mas a essência, a Verdade do manjericão, continua em cada nova espécie, circulando livremente na sua estrada, misturando-se e adaptando-se. Sigamos aprendendo com ele!
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Texto por: Valéria Lima, professora, aromaterapeuta e historiadora.