Aos pouquinhos ela vem chegando! Veio guiada pelas águas, que com certeza trouxeram ainda mais força para o desabrochar das flores! Que digam as abelhas, que já estão a todo vapor visitando cada uma das flores do meu jardim, ou os pássaros que aproveitam as águas para se banhar e o sol para festejar: Bem-vinda a Primavera!
Estação das flores, estação do florescer!
Passado o momento de recolhimento do Inverno, a Primavera nos propõe o desabrochar, o romper com as adversidades e o eclodir, explodir, renovar de uma nova fase, de uma nova estação.
Entre o encanto das cores, o perfume das flores e a leveza dos grãos de pólen que se entregam ao vento ou aceitam o convite dos insetos polinizadores para um “passeio nupcial”, a Natureza se prepara para fecundar e gerar novos frutos, novas sementes – a esperança de uma nova vida!
E, inspirada na Primavera, deixo um convite: que a partir dessa estação repleta de cores e aromas, possamos desvendar nosso olhar, deixar nossa cegueira botânica de lado, e por meio de um olhar atento, demorado e observador, nos encantarmos com cada detalhe caprichosamente desenvolvido pela Natureza.
As flores fazem parte do sistema de reprodução das plantas e são uma novidade evolutiva, já que nem sempre as plantas floresciam! Elas surgem não somente para encantar os polinizadores, mas para guardar e proteger as estruturas de reprodução.
Experimente observar alguma flor que você tenha na sua casa e, se este olhar for atento, será relativamente fácil você identificar as estruturas de reprodução dessa lindeza.
Normalmente amarelos e com aspecto aveludado, temos a antera (estrutura masculina) expondo os grãos de pólen e aguardando o vento ou algum inseto, que atraído pelo aroma e coloração das flores, gentilmente transportará essas minúsculas estruturas até o conforto dos estigmas (estrutura feminina). Neles, os grãos de pólen repousam e seguem caminho até o ovário que, quando fecundado, dará origem ao fruto e a semente.
E assim, em poucas linhas, podemos ter uma breve dimensão da importância das flores para o ciclo de vida de uma planta! Pois, se cada semente carrega a esperança de uma nova vida, cada flor carrega a esperança de muitas outras vidas!
Mas, antes de todo esse grande fenômeno da fecundação acontecer, as flores precisam nascer e desabrochar! E é justamente no seu desabrochar que me permito traçar um paralelo com a ação sutil dos óleos essenciais delas extraídos. Esses óleos nos convidam a olhar para dentro de nós, nos (re)conectarmos e aflorarmos a nossa essência. De uma forma geral, são aromas que acessam e cuidam das nossas emoções, equilibram nosso chakra cardíaco e também o esplênico.
Pelo chakra cardíaco, as flores nos convidam à expansão do sentir, ao contato com nossa essência e ao equilíbrio, já que esse é o chakra que une nosso corpo e mente ao espírito, além de promover um contato verdadeiro com o outro.
Já por meio do chakra esplênico, as flores nos convidam à gestação e à (co)criação da vida, não apenas em termos de descendentes, mas da vida enquanto prazer, enquanto pulsar constante de vitalidade, desejos, alegria, arte, inspirações e relações!
Bom, eu poderia falar de vários óleos extraídos de flor, como o de Rosas, que nos propõe o amor incondicional, ou o de Jasmim, que nos ajuda a deixar ir o que não faz mais sentido, a parte de mim que já não me representa, ou mesmo o do Néroli, com seu doce e suave aroma que tranquiliza nossas emoções, mas opto por falar do primeiro óleo essencial que comprei na vida e que me encantou não só pelo aroma, mas pela vivência linda que fazemos na Aromaluz, onde frente a frente, olho no olho, acessamos o melhor do outro, expandimos nosso olhar para além do concreto e nos conectando com o essencial (invisível aos olhos) de cada ser.
Assim, apresento a “flor das flores” – Ylang-ylang (Cananga odorata), cujas flores amarelas enfeitam a cama dos recém-casados, na Indonésia, trazendo um aroma que entorpece, seduz e convida para estar com o outro.
E olhando para suas flores veremos exatamente esse convite para “olhar para o outro”, já que suas pétalas estão todas voltadas para baixo, contemplando aqueles que as observam.
Outra relação que gosto de pensar quando observo essas flores, é o fato de serem trímeras, formando um triângulo no centro, e aqui podemos pensar em toda simbologia dessa figura, mais uma vez me atento ao equilíbrio das energias, ao corpo-alma-espírito.
E me chama atenção ainda, o fato de quando jovens apresentarem coloração esverdeada e acabarem se camuflando com as folhas, ao ponto de que se não fosse o aroma marcante, passariam despercebidas. Seriam essas características sinais de humildade, de equilíbrio, de se colocar no mesmo nível do outro?
Vale a reflexão!
E falando em óleo essencial, a vibração que acessamos quando usamos o óleo de Ylang-ylang é um convite doce e alegre para uma relação profunda com o outro, a proposta de um convívio harmonioso e equilibrado, sem destaque para um ou outro. O Ylang-ylang silencia os impulsos e nos leva a um entendimento expandido para as situações do dia a dia que muitas vezes levam a ruídos e discussões.
Enquanto efeito físico, além de afrodisíaco, é regulador do nosso ritmo cardíaco e citofilático, e aqui penso na nossa pele, órgão que nos conecta com o mundo.
Pois então, as flores do Ylang-ylang e seu óleo essencial são tudo isso e muito mais. Podemos dizer, que são um delicioso e encantador encontro consigo, com o outro e com a natureza e suas energias primaveris.
Aproveite a Primavera e suas flores!
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Texto por: Giane Carneiro, bióloga, Dra. em Biologia Celular, Aromaterapeuta e Benzedeira.